quarta-feira, 13 de julho de 2016

Como uso a família terapêutica e outros bonecos em psicoterapia infantil

Crianças gostam muito de trabalhar com bonecos, mas não só elas, adolescentes e até alguns adultos também sentem-se atraídos pela beleza do mundo de fantasias que os bonecos inspiram. Além disso,eles podem ser utilizados como fonte da investigação terapêutica, do extravasamento de emoções reprimidas, do trabalho com a auto estima e do papel que o indivíduo representa em sua família; entre outros temas.
No livro "Descobrindo crianças - a abordagem gestáltica com crianças e adolescentes", Violet Oaklander, descreve formas muito interessantes de se trabalhar com os bonecos em psicoterapia infantil. A autora sugere que sejam apresentadas histórias e teatrinhos pela criança ou pelo terapeuta, trazendo temas escolhidos ora por um, ora pelo outro, dependendo da problemática envolvida e de como a criança lida com ela.
Recentemente adquiri uma família de bonecos feita por uma artesã, contendo além de pai, mãe, filho, filha e bebê, também o casal de avós e a psicóloga. Uni esta família (de cor da pele branca) a uma outra que já tinha nas cores parda e negra, coloquei todos os bonecos em uma caixa bem bonita e disse às crianças que estava trazendo uma surpresa. Cada uma teve uma reação ao abrir a caixa, a maioria sorriu, algumas disseram: "Que lindo!", ou "Que gracinha!". Em alguns casos sugeri que fosse montada uma cena com os bonecos, utilizando-se como palco a sala de terapia, ou seja, poderiam escolher o local. Os mais variados conflitos surgiram nas cenas montadas, tais como: papel representado pelo indivíduo naquela família, auto imagem, como lida com diferenças raciais, entre outros; e a partir de então, foram trabalhados durante a sessão e as sessões seguintes.
Outra atividade lúdica interessante é propor às crianças que façam bonecos. Geralmente uso massinha de modelar para este fim, porém há muitas formas de se fazê-lo com o uso de papéis variados, cola, tesoura e palitos ou varetas, podendo-se incrementar com lã para os cabelos, botões, etc.
Outra sugestão interessante é trazer um personagem fixo com nome e características próprias para o trabalho com crianças, elas ficam encantadas com fantoches, e geralmente trabalham muito bem com eles. O tema pode ser apresentado pelo terapeuta, ou o mesmo pode deixar que a criança crie e recrie suas próprias histórias que nada mais são do que um reflexo daquilo que vivenciam na realidade.