terça-feira, 14 de junho de 2016

Trabalhando com crianças no espectro autista

Meu intuito aqui não é diagnosticar, nem descrever sinais do autismo nas crianças, pois para isto seria necessário um livro inteiro e posso indicá-lo; meu objetivo agora é somente relatar o que percebo destas crianças e como trabalho com elas.
A criança autista, ou com transtorno do espectro autista em diversos níveis expressa suas necessidades, mas dificilmente é vista, ouvida ou compreendida. Com ela é necessário ir além daquilo que nos  é mostrado, além das convenções sociais. Muitos vão achar que ela é teimosa, birrenta, mimada e que seu problema é falta de limites dos pais e professores. Mas a "teimosia" típica da criança que está no espectro autista é diferente, ela possui interesse por um tema ou assunto específico e não quer parar de explorá-lo, quer ir mais além, não quer parar de fazer o que lhe dá prazer naquele momento.
Participar da atividade que a criança está desempenhando, estar com ela é muito mais prazeroso do que tentar impor atividades pré determinadas.
Consegui diálogo com uma criança assim através de alguns brinquedos que uso tanto na sala de aula, quanto no consultório, tais como; dinossauros, animais selvagens, disney gogos. A criança, um menininho de 4 anos se encantou por eles e a partir de então instaurou-se o diálogo entre nós, através do brincar. Esta relação tornou-se pra mim um presente, como um coração de cristal que carrego no peito, lindo e delicado! Após sua interação comigo, seu comportamento mudou, passou a tentar interagir com outras crianças, falar com maior frequência, participar de atividades grupais. O que eu acho que aconteceu? agora ele sente-se seguro e respeitado em suas singularidades, apenas isto.
Outro caso que gosto de mencionar é de quando consegui interação com uma criança no espectro(transtorno global) desta vez uma menina, também com 4 anos, através das tintas... nas primeiras vezes pintamos com os dedos durante horas. Aos poucos ela foi se tornando mais receptiva, em seguida soltou suas primeiras palavrinhas.
Ao passo que percebo ser o aspecto mais importante familiarizar a criança com ela mesma. A consciência de si leva à consciência do outro e à relação com ele.Das relações e interações com os outros as crianças no espectro autista vão se desenvolvendo, saindo um pouco do seu mundo particular e participando do mundo que a cerca.